O que é um fanzine?
A palavra fanzine tem origem na junção das palavras fan(atic) + (maga)zine, utilizando-se por vezes só a abreviatura "zine".
Os fanzines são publicações de carácter marginal, que são distribuídas e/ou publicadas, pelos próprios editores e são explicitamente não profissionais (Stephen Duncombe). São ainda caracterizados pelo seguinte:
- São publicados irregularmente, a edição é feita ao ritmo que o editor entende.
- Têm baixa tiragem (entre 50 a 200 exemplares).
- A impressão é de baixa qualidade - normalmente são impressos em fotocópia ou com outros meios baratos e acessíveis, muitas vezes artesanais. Acompanham os meios tecnológicos da época, seja o duplicador offset, a fotocopiadora, a impressora do computador pessoal.
- Ao nível do formato, não há regra, tanto podem ter formas padronizadas, como o A6, A5, A4 ou A3, como optar por outros formatos mais específicos e irregulares.
- A distribuição é feita junto dos amigos (da escola, do bairro e do mundo) muitas vezes dentro da escola, durante os intervalos.
- Sem fins lucrativos - não há motivos comerciais na sua produção. Quando são vendidos, normalmente esse dinheiro é usado para financiar a edição seguinte.
- Os nomes escolhidos são, por norma, estranhos e muitas vezes vernaculares (“Sub”, “Cona da Mão”, “Estrume”, “Bactéria”), e para além de definirem o conteúdo, demonstram grande imaginação, anti-convencionalismo e até alguma agressividade em relação à sociedade.
Ducombe relaciona o aparecimento de fanzines sobre ficção científica, nos anos 30 do século passado, como uma forma de criar leitores. Em 1936 surge o primeiro dedicado à banda desenhada, tendo depois sido um elemento chave no movimento de contracultura dos anos 60, nessa época mais virados para a política. Nos anos 70 foram uma forma de o movimento Punk espalhar a sua ética do “do-it-yourself” e nos anos 80 um meio de escritores divulgarem os seus pensamentos, o que de outra forma não seria possível. Hoje em dia, com a difusão da Internet, o suporte papel está a ser abandonado, passando a estar online.
Em Portugal, o primeiro fanzine (com denominação de tal, visto que já tinham existido anteriormente projectos que se enquadravam nas características atrás referidas, realizados por artistas como Almada negreiros) foi o Árgon, editado em Janeiro de 1970.
Normalmente os fanzines têm um tema, podendo ser sobre música, ilustração, culinária/alimentação, poesia, política, cinema, banda desenhada, etc., abordando problemas do nosso tempo, como seja a alienação das pessoas, o consumismo…
No livro “Notes From Underground: Zines And The Politics Of Alternative Culture”, Stephen Duncombe (citado por James Surowiecki) mostra que é possível um produto cultural servir de instrumento de rebelião cultural. Surowiecki refere ainda que Duncombe respeita e admira o sentimento utópico do mundo dos fanzines, pois o autor de fanzines é um indivíduo que corta as convenções, as maneiras, as normas e a comunicação, pois não quer ser apertado pela sociedade, dizendo “Não!” ao que lhe parece mal.
Os fanzines são uma ideia alternativa, relacionada com a cultura e são um modelo para produções culturais cooperativas e individualistas, sobretudo, mais do que consumir cultura, fazem-na (Duncombe).
O objectivo do autor de fanzines, é sentir-se bem consigo próprio e mudar a sociedade, Jennifer Sinor, no artigo “Adolescent Girl´s Zines: Uncommon Pages and Pratices”, refere que muitas raparigas que sofreram abusos físicos, psicológicos e emocionais, encontram nos fanzines uma maneira de desanuviar e de contar o que lhes aconteceu, daí que a distribuição seja feita junto dos amigos. Conta ainda casos em que, ao longo das páginas do fanzine, aparecem referências à educação e ao ensino, onde pais e professores são pessoas suspeitas.
São um viveiro de talentos resultante da determinação de uma ou várias pessoas em mostrar as suas ideias, pensamentos, opiniões. Quem os faz tem aí um bom campo de experimentação, embora por vezes, a sociedade preferisse que estivessem calados. Dão voz a pessoas que de outra forma não a teriam.
Os fanzines são de certa forma a verdadeira liberdade – não fosse o facto de os autores dos fanzines estarem preocupados em falar para si próprios (Duncombe). São uma nova forma de comunicação, marginal, mas cheia de uma cultura vibrante, que quer permanecer no subsolo, fugir das luzes da ribalta.
Aspectos como este, tornam os fanzines únicos e impares, e como disse Pedro Moura, como qualquer publicação, joga como pode com as expectativas do leitor. Através do título da publicação, do tipo, do autor, da editora, do formato, do design da capa, etc., o leitor cria de imediato, como numa paixão à primeira vista, um horizonte de expectativas.
Já Rosa Oliveira afirma que quanto menos formal for o estilo, mais próximo estaremos de um tipo de discurso onde a individualidade está presente. Essa individualidade, está presente no que Tristine Rainer, no final da década de 70, do século passado, chamou de o "Novo Diário do Século XX", que está associado à exploração da criatividade, do crescimento pessoal (significando o crescimento do todo da pessoa), a reparação ou a terapia.
Os fanzines são publicações de carácter marginal, que são distribuídas e/ou publicadas, pelos próprios editores e são explicitamente não profissionais (Stephen Duncombe). São ainda caracterizados pelo seguinte:
- São publicados irregularmente, a edição é feita ao ritmo que o editor entende.
- Têm baixa tiragem (entre 50 a 200 exemplares).
- A impressão é de baixa qualidade - normalmente são impressos em fotocópia ou com outros meios baratos e acessíveis, muitas vezes artesanais. Acompanham os meios tecnológicos da época, seja o duplicador offset, a fotocopiadora, a impressora do computador pessoal.
- Ao nível do formato, não há regra, tanto podem ter formas padronizadas, como o A6, A5, A4 ou A3, como optar por outros formatos mais específicos e irregulares.
- A distribuição é feita junto dos amigos (da escola, do bairro e do mundo) muitas vezes dentro da escola, durante os intervalos.
- Sem fins lucrativos - não há motivos comerciais na sua produção. Quando são vendidos, normalmente esse dinheiro é usado para financiar a edição seguinte.
- Os nomes escolhidos são, por norma, estranhos e muitas vezes vernaculares (“Sub”, “Cona da Mão”, “Estrume”, “Bactéria”), e para além de definirem o conteúdo, demonstram grande imaginação, anti-convencionalismo e até alguma agressividade em relação à sociedade.
Ducombe relaciona o aparecimento de fanzines sobre ficção científica, nos anos 30 do século passado, como uma forma de criar leitores. Em 1936 surge o primeiro dedicado à banda desenhada, tendo depois sido um elemento chave no movimento de contracultura dos anos 60, nessa época mais virados para a política. Nos anos 70 foram uma forma de o movimento Punk espalhar a sua ética do “do-it-yourself” e nos anos 80 um meio de escritores divulgarem os seus pensamentos, o que de outra forma não seria possível. Hoje em dia, com a difusão da Internet, o suporte papel está a ser abandonado, passando a estar online.
Em Portugal, o primeiro fanzine (com denominação de tal, visto que já tinham existido anteriormente projectos que se enquadravam nas características atrás referidas, realizados por artistas como Almada negreiros) foi o Árgon, editado em Janeiro de 1970.
Normalmente os fanzines têm um tema, podendo ser sobre música, ilustração, culinária/alimentação, poesia, política, cinema, banda desenhada, etc., abordando problemas do nosso tempo, como seja a alienação das pessoas, o consumismo…
No livro “Notes From Underground: Zines And The Politics Of Alternative Culture”, Stephen Duncombe (citado por James Surowiecki) mostra que é possível um produto cultural servir de instrumento de rebelião cultural. Surowiecki refere ainda que Duncombe respeita e admira o sentimento utópico do mundo dos fanzines, pois o autor de fanzines é um indivíduo que corta as convenções, as maneiras, as normas e a comunicação, pois não quer ser apertado pela sociedade, dizendo “Não!” ao que lhe parece mal.
Os fanzines são uma ideia alternativa, relacionada com a cultura e são um modelo para produções culturais cooperativas e individualistas, sobretudo, mais do que consumir cultura, fazem-na (Duncombe).
O objectivo do autor de fanzines, é sentir-se bem consigo próprio e mudar a sociedade, Jennifer Sinor, no artigo “Adolescent Girl´s Zines: Uncommon Pages and Pratices”, refere que muitas raparigas que sofreram abusos físicos, psicológicos e emocionais, encontram nos fanzines uma maneira de desanuviar e de contar o que lhes aconteceu, daí que a distribuição seja feita junto dos amigos. Conta ainda casos em que, ao longo das páginas do fanzine, aparecem referências à educação e ao ensino, onde pais e professores são pessoas suspeitas.
São um viveiro de talentos resultante da determinação de uma ou várias pessoas em mostrar as suas ideias, pensamentos, opiniões. Quem os faz tem aí um bom campo de experimentação, embora por vezes, a sociedade preferisse que estivessem calados. Dão voz a pessoas que de outra forma não a teriam.
Os fanzines são de certa forma a verdadeira liberdade – não fosse o facto de os autores dos fanzines estarem preocupados em falar para si próprios (Duncombe). São uma nova forma de comunicação, marginal, mas cheia de uma cultura vibrante, que quer permanecer no subsolo, fugir das luzes da ribalta.
Aspectos como este, tornam os fanzines únicos e impares, e como disse Pedro Moura, como qualquer publicação, joga como pode com as expectativas do leitor. Através do título da publicação, do tipo, do autor, da editora, do formato, do design da capa, etc., o leitor cria de imediato, como numa paixão à primeira vista, um horizonte de expectativas.
Qual a diferença garantida por um fanzine? É que o fanzine, precisamente por a maior parte das vezes ser um objecto não-identificado à primeira, apresenta um horizonte sobejamente mais alargado que as publicações ditas “normais”.
Já Rosa Oliveira afirma que quanto menos formal for o estilo, mais próximo estaremos de um tipo de discurso onde a individualidade está presente. Essa individualidade, está presente no que Tristine Rainer, no final da década de 70, do século passado, chamou de o "Novo Diário do Século XX", que está associado à exploração da criatividade, do crescimento pessoal (significando o crescimento do todo da pessoa), a reparação ou a terapia.
Este blog pretende ajudar a divulgar, mostrar e promover este tipo de publicações.
Ficamos à espera dos vossos contactos.
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